quarta-feira, 8 de junho de 2011

Deixe-a - foi o conselho da sabedoria e do amor. Nem sempre os conselheiros mais valorizados, é claro. Mas dessa vez eles gritaram de tal maneira que nem todo o meu egoísmo os calaram. Maldito egoismo, tão egoista que toma lugar até do próprio coração; a morada da felicidade, carinho e amor.
Mas não dessa vez. Desta vez, não!
O eco do grito foi longo, me deixou abalado. Meu coração começou a bater mais rápido e senti minhas pernas tremerem. Não era para menos, pois em baixo de meus pés não havia mais o que pisar. Algo abrira uma fenda no chão, algo muito forte e indestrutível. Um terremoto de sentimentos soltos e diferentes, ao mesmo tempo e juntos. Misturados numa só batida. Um jato de sangue enviado do peito até a menor veia do pé. Mas não, eu não havia entrado em queda livre. Ainda não.
De subito me dei conta da realidade. Maldita sabedoria. Maldito amor. É, maldito amor. Que realidade mais desagradavel, Senhor. Porque é que me dá este dom de amar, se é para ser assim?
Eu percebi então que Deus estava me dando mais um dom de amar. Droga, Senhor. Você me conhece, eu não quero. Eu prefiro amar do meu jeito! Mas como é que se luta contra o criador?
É, agora eu amo... O egoísmo era tão mais cômodo e me deixava tão mais feliz!

Então eu a abracei. E a transportei para um mundo só meu. Meu egoísmo ainda estava vivo. Ele lutava contra o Meu amor e contra o meu amor. Mas que maldito amor é esse que me nasce, indestrutivel, imbativel? Egoísmo não tem nenhuma chance.
Nosso abraço demorou e me senti apertando-a com força desnecessária. Mas o que realmente é desnecessário? O que é necessário?
E eu vi o nosso ultimo abraço.
Sua ultima lágrima,
E o começo das minhas.

"O que você estava pensando?" Ela me perguntava, notando minha batalha interna.

Eu estou tomando forças para te deixar, estou tomando forças para te libertar dessa maldição. Eu estou tomando forças para romper esta corda que te amarra e te puxa ao fundo do mar.
Eu estava pensando em como fazer isso. Estava pensando se eu devo deixar o barco ir sem rumo, como já está, até o mar o engolir... Ou se eu devo criar situações para isso. Se devo acabar sem explicar e te fazer sofrer ainda mais.

Foi isso tudo que eu não disse pra ela.

Tudo que eu conseguia pensar era na dor que ela sentiria, nas lágrimas e infelicidade. Isso me fez com que eu não falasse. Então eu comecei a pensar na alegria que ela tinha, a felicidade que ela tinha em outros momentos... e dessa vez.... a dor e as lágrimas foram minhas. Sua dor seria grande, mas passaria. E logo sua alegria contagiaria o mundo! Foi assim que eu a conheci.

Maldito egoismo! Ainda vivo! Que maldição.

Por que é que eu não consigo seguir minha sabedoria e amor?
Por que?

Começo a pensar que meu egoísmo também seja amor. Que egoísmo é esse que quer a pessoa ao seu lado sorrindo. Contente, alegre, feliz. Sentindo-se amada e protegida; Compreendida? Que droga de egoísmo, se camufla no amor. Ou o amor no egoísmo?

Só sei que minha cabeça está girando e minha visão está embaçada. E a lua se escondeu em parte, dando a entender que se mantia neutra. E agora, o que farei?

Eu só te quero. Comigo, pra sempre. Pra sempre é tão pouco! Droga de saudade. Droga de egoísmo, se camuflando na minha saudade. Droga, droga e droga!

Eu só te quero, amor. E amo mesmo, e não consigo sem você. Não mais.
É egoísmo, misturado com amor? Amor misturado com egoísmo?
É muito egoísmo? Ou é muito amor?

Droga de definições. Droga de linguagem. Escrevi e escrevi e meu coração ainda bate de um jeito que dói. E em meus olhos a garoa desse dia frio e úmido em nosso amor não pára.

Escrevi tanto... a tôa? Não, acho que não.

Pelo menos eu pude descobrir que meu amor não é tão egoísta assim. E que meu egoísmo não é tão grande e poderoso assim.

E então, o que farei? Não sei.
Sem você eu não vivo.

Mas se eu tiver certeza que você será feliz, darei minha vida.

Pode ter certeza disso.

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